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Clima e Catástrofes Naturais

Ciclones extratropicais: entenda o potencial de risco no Brasil e saiba como preparar sua empresa

Ciclones são grandes sistemas de tempestades com ventos que podem ultrapassar os 100km/h. Os chamados extratropicais se formam em latitudes médias a altas, fora das regiões tropicais, quando as condições são propícias. É o caso do litoral Sul brasileiro.

No oceano, esse fenômeno acontece o tempo todo. No entanto, alguns ciclones seguem trajetórias incomuns, alcançando o continente e devastando áreas urbanizadas. Esse tipo de desastre vem sendo particularmente mais frequente e intenso em todo o mundo – inclusive no Brasil.

Só em setembro de 2023, a Confederação Nacional de Municípios estima que a passagem do ciclone pelo Rio Grande do Sul em setembro de 2023 tenha causado um prejuízo de pelo menos R$ 1,3 bilhão. Esse incidente não estava no radar dos riscos climáticos, afetando áreas que tradicionalmente não são consideradas de risco.

Além desse episódio, em 2024 e no início de 2025 o Brasil enfrentou impactos significativos decorrentes dos riscos físicos associados às mudanças climáticas, com destaque para o Rio Grande do Sul. Tempestades no estado resultaram prejuízos totais estimados em R$ 11,4 bilhões, dos quais cerca de R$ 3,4 bilhões referem‑se ao agronegócio e aproximadamente R$ 293,5 milhões à pecuária, afetando mais de 470 municípios e gerando diversos reconhecimentos de situação de emergência ou calamidade pública.

Observou‑se também um crescimento expressivo nos episódios de granizo: em janeiro de 2025 foram registradas mais de 600 ocorrências — um aumento de quase 295% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Um evento extremo ocorrido em setembro de 2024 marcou recorde regional, quando granizos de 14,6 cm de diâmetro foram registrados em Bagé (RS), associados a uma supercélula, tempestade convectiva de alta intensidade.

No primeiro semestre de 2025, o Brasil liderou as perdas econômicas na América Latina, com quatro grandes eventos climáticos severos — incluindo tempestades, seca e inundações — totalizando aproximadamente US$ 5,355 bilhões em prejuízos, superando países vizinhos que também sofreram impactos relevantes. Esses dados evidenciam a crescente vulnerabilidade do país aos riscos climáticos e a necessidade urgente de estratégias de adaptação e mitigação."

A influência das mudanças climáticas

O cenário evidencia uma alteração no padrão dos eventos climáticos e seus efeitos, impulsionada pelo aquecimento global e pelo aumento das populações e atividades econômicas em áreas vulneráveis. As mudanças climáticas podem agravar o fenômeno El Niño, que aumenta a frequência e a intensidade da corrente de ar quente e úmido do Norte para o Sul do Brasil e facilita a formação de tempestades severas, ciclones extratropicais e furacões.

Isso acontece, em média, a cada dois a sete anos, mas o aumento da temperatura média do planeta pode fazer com que o El Niño ocorra mais frequentemente. Até o fim do século 21, existe inclusive a possibilidade de que ele possa se manifestar todos os anos. Ou seja: um fenômeno até então periódico poderá se transformar em um novo padrão climático.

Dados globais recentes reforçam a magnitude do desafio: as perdas econômicas causadas por eventos de desastre em 2024 foram estimadas em US$ 318 bilhões, dos quais cerca de 57% não estavam segurados. As perdas seguradas globais por catástrofes naturais atingiram US$ 137 bilhões em 2024. No primeiro semestre de 2025 as perdas econômicas globais totais por catástrofes naturais — incluindo perdas seguradas e não seguradas — aumentaram para US$ 162 bilhões (ante US$ 156 bilhões no ano anterior).

Ainda, no primeiro semestre de 2024 as tempestades convectivas severas responderam por aproximadamente US$ 42 bilhões em perdas seguráveis globais. Esses números demonstram o tamanho da lacuna entre perdas econômicas e cobertura seguradora e evidenciam a importância de revisar programas de transferência de risco.

Como se preparar para um potencial sinistro?

O maior desafio de uma empresa afetada por um ciclone, direta ou indiretamente, é garantir a continuidade dos negócios e restabelecer a normalidade o mais rápido possível. Como não é possível medir ou prever quando e como um incidente vai impactar a operação, a preparação adequada pode fazer toda a diferença em momentos de crise.

É preciso considerar que os prejuízos potenciais vão além dos danos a propriedades – e isso exige que as empresas compreendam as fontes diretas e indiretas de danos. A avaliação de risco deve abranger as operações diretas, toda a cadeia de valor e o ambiente empresarial mais amplo.

O que fazer ANTES:

1. Avalie sua exposição ao risco

Identifique e compreenda as exposições ao risco que possam impactar sua organização – e isso também inclui a previsão de impacto sobre a cadeia de suprimentos e distribuição.

2. Antecipe planos de resposta

Temos experiência em todos os setores e indústrias e podemos apoiá-lo no desenvolvimento de planos de resposta para cenários de incidentes graves.

Plano de resposta a emergências ou incidente: é focado em salvar pessoas (colaboradores ou comunidade), preservar o meio ambiente e proteger o patrimônio da empresa.

Plano de continuidade dos negócios: estabelece mecanismos para manter a operação quando o fluxo de trabalho normal é interrompido e define como operar nessas condições, provisionando os recursos necessários para recuperação de funções críticas após um desastre.

Plano de resposta à crise: prepara o corpo diretivo para a tomada de decisões estratégicas em caso de eventos de impacto significativo. Seu foco está em eventos com implicações em comunicação, reputação e imagem da empresa.

3. Providencie a manutenção de estruturas e ações de mitigação

A manutenção da propriedade e de sistemas protecionais como para-raios e SPDA (Sistema de Proteção de Descargas Atmosféricas), bem como ações de monitoramento e mitigação, deve ser contínua para não caracterizar agravamento de risco com consequente perda de cobertura na apólice.

4. Revise seu programa de seguros

É vital revisar o programa de seguros de uma empresa ante a ameaça de um ciclone extratropical ou outro evento climático catastrófico, pois muitos danos dessa natureza não estão cobertos em planos básicos. Analisar a apólice ajuda a entender os riscos e a contratar coberturas e indenizações adequadas, evitando prejuízos financeiros substanciais.

Nossa prática de Consultoria de Risco Estratégico da Marsh Advisory pode ajudá-lo a entender melhor o cenário de risco existente e emergente para tomar decisões mais informadas na formulação de planos, processos e procedimentos para superar eventos adversos.

O que fazer DEPOIS:

A recuperação após a passagem de um ciclone extratropical pode ser demorada – e o conhecimento prévio sobre alguns procedimentos facilitará a gestão da ocorrência e a agilidade do processo de sinistro.

1. Comunique a ocorrência à nossa equipe de gerenciamento de sinistros

À medida que os sinistros se tornam mais complexos, ajudamos a criar apresentações estratégicas para resolver os casos eficientemente e evitar custos extras. Entre em contato com o seu consultor Marsh com informações sobre data, hora, local, danos, valor estimado do prejuízo e contato para vistoria e atendimento.

Assim que receber a comunicação, a Marsh dará toda a assistência sobre como proceder durante o processo, solicitando documentos e informações conforme evento reclamado.

2. Registre o evento através de fotos e relatório descritivo

O segurado deve comprovar que perdas e danos foram causados pelo ciclone. Para isso, é muito importante capturar provas visuais, em forma de registros fotográficos e filmagens, de propriedades danificadas e obstruções de acesso e altura da água em caso de alagamento.

2. Adote medidas emergenciais para minimizar e mitigar prejuízos

Situações extremas dispensam a vistoria da seguradora para comprovação de danos. Portanto, a menos que haja preocupações de segurança, após os registros iniciais o segurado deve adotar medidas emergenciais capazes de minimizar e mitigar os prejuízos, viabilizando sobretudo a retomada dos negócios.

3. Identifique os problemas e estabeleça protocolos de comunicação imediata

Mantenha registros detalhados de todas as interações com seguradoras, documente ordens de autoridades e interrupções de serviço, como cortes de energia. Crie um documento de rastreamento de solicitação de informações — também conhecido como RFI — para gerenciar solicitações das equipes de ajuste das seguradoras.

Fornecemos uma abordagem colaborativa de gerenciamento de riscos que pode ajudar a proporcionar tranquilidade e vantagem competitiva, da análise de risco à gestão do sinistro.


Referências

 

Quer saber como a Marsh pode te ajudar nesses eventos?