
Por Gerardo Herrera ,
Latin America Region Leader, Marsh Advisory
04/11/2025 · 5 minutos de leitura
Nos últimos meses, o panorama comercial global passou por uma mudança significativa com a imposição de tarifas pelos Estados Unidos a praticamente todo o mundo. Assim como em outras regiões, essa medida está transformando o cenário econômico na América Latina e gerando preocupação entre governos e líderes empresariais.
As tarifas são impostos sobre as importações projetados para equilibrar os déficits comerciais bilaterais. Ao contrário de medidas protecionistas tradicionais, esses tributos buscam "nivelar o campo de jogo" entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais.
A nova política comercial dos Estados Unidos estabelece uma tarifa base de 10% para a maioria dos países latino-americanos, com taxas mais elevadas para nações com superávits comerciais maiores. Embora possa parecer um ajuste moderado, o impacto acumulativo nas cadeias de suprimento integradas e nos fluxos comerciais estabelecidos é potencialmente disruptivo.
Para oferecer um exemplo que sirva de contexto: uma empresa de manufatura colombiana, que exporta $10 milhões anuais para os EUA, enfrentará agora custos adicionais de $1 milhão. Esse impacto direto se multiplica quando consideramos os efeitos em toda a cadeia de valor.
A pesquisa que realizamos na Marsh revela um panorama de impactos heterogêneos na região:
O Brasil, com uma tarifa base de 10%, vê suas exportações de autopeças, aço e produtos manufaturados afetadas. No entanto, sua relação comercial relativamente equilibrada com os EUA limita o impacto macroeconômico direto.
O México, embora inicialmente isento para mercadorias que atendem às regras de origem do T-MEC, enfrenta um panorama complexo. Sua indústria automotiva, pilar de sua economia, enfrenta uma tarifa de 25% para veículos não produzidos em território americano, gerando interrupções nas plantas de produção e reconfigurações nas cadeias de suprimento.
A Colômbia recebe a tarifa base de 10%, afetando setores-chave como café, flores e produtos manufaturados, com potenciais impactos em empregos e produtividade.
Talvez o aspecto mais preocupante que identificamos em nossa análise seja o efeito multiplicador nas cadeias de suprimento integradas. Um componente pode cruzar fronteiras várias vezes antes de se tornar um produto final, enfrentando tarifas em cada movimento.
O que estamos observando em tempo real com nossos clientes é revelador:
Um CEO do setor automotivo comentou recentemente: "Passamos décadas otimizando nossa cadeia logística, e agora devemos reestruturá-la completamente em questão de meses".
Além dos impactos evidentes, na Marsh identificamos riscos menos visíveis, mas igualmente significativos:
Diante deste panorama desafiador, o que as empresas latino-americanas podem fazer? Na Marsh, desenvolvemos uma abordagem abrangente que combina estratégias de curto e longo prazo:
Soluções estratégicas:
Ações táticas imediatas:
Apesar do panorama complexo, também identificamos oportunidades. As empresas que adaptarem proativamente suas estratégias não apenas mitigarão riscos, mas poderão encontrar vantagens competitivas:
O novo cenário tarifário não é temporário, mas sim o reflexo de uma mudança estrutural no comércio global. As empresas que reconhecerem essa realidade e adaptarem suas estratégias de gestão de riscos estarão melhor posicionadas para navegar nesse ambiente.
Na Marsh Latinoamérica, estamos comprometidos a ser seu parceiro estratégico neste processo. Nossa abordagem integrada de gestão de riscos, combinando análise avançada, transferência de riscos e consultoria especializada, pode ajudá-lo a transformar esse desafio em uma oportunidade para construir uma empresa mais resiliente e competitiva.