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Artigo

A adaptação climática assume papel central na COP30: Explorando caminhos práticos para a ação

Adaptação climática na COP30: soluções práticas e financiamento para fortalecer a resiliência urbana e sistêmica frente aos riscos globais.

O desafio de financiar e adaptar-se a um clima em constante transformação esteve no centro das atenções da COP30, em Belém. 

Com a intensificação dos riscos físicos climáticos em diversas regiões, convidamos representantes dos setores público e privado para compartilhar desafios concretos de adaptação e explorar soluções para superar o déficit em nossa resiliência climática.

Em todas as reuniões globais da COP que participei, a urgência de fortalecer a resiliência climática por meio da adaptação tem ganhado cada vez mais destaque na agenda. Na COP30, os representantes concordaram em triplicar o financiamento para adaptação até 2035 — um passo essencial para a redução da lacuna entre a demanda por recursos e os investimentos disponíveis. Contudo, uma questão crítica permanece: como transformar esse compromisso em soluções concretas que enfrentem os riscos climáticos e promovam a resiliência?

Em parceria com a TED Countdown House, em Belém, a Marsh organizou um evento dedicado a explorar abordagens práticas e colaborativas para a adaptação entre diferentes setores.

A importância de estratégias diversificadas de adaptação

Embora a adaptação não seja um conceito novo para as empresas (segundo nossa Pesquisa de Adaptação Climática, na qual 78% das organizações pesquisadas já avaliam seus riscos climáticos futuros), muitas companhias inicialmente concentram-se em proteger seus próprios ativos — edifícios, colaboradores e operações — além de garantir a continuidade dos negócios em emergências. No entanto, à medida que os riscos climáticos se tornam mais evidentes por meio de ferramentas como a modelagem de perigos, cresce o reconhecimento de que grande parte da exposição está no nível sistêmico.

Para apoiar as organizações na identificação dos riscos tanto em nível de ativos quanto em nível sistêmico — e no desenvolvimento de soluções resilientes — O Marsh Adaptation Framework oferece uma abordagem holística para compreender e se preparar para os impactos climáticos futuros. Por exemplo, além do risco de eventos climáticos extremos danificarem as instalações empresariais, as organizações devem considerar vulnerabilidades sistêmicas, como a dependência da infraestrutura energética, a fragilidade da cadeia de suprimentos e esgotamento de recursos.

Colaboração em nível municipal: uma oportunidade importante

Os riscos em nível sistêmico frequentemente se manifestam nas cidades, onde dependências e vulnerabilidades se entrelaçam. Considerando que as cidades respondem por 80% do PIB global, elas representam uma oportunidade valiosa para explorar soluções de adaptação em nível sistêmico. Na TED Countdown House, reunimos empresas e representantes do setor público para debater formas de ampliar a colaboração e acelerar os esforços voltados à resiliência climática.

Os participantes compartilharam percepções e experiências pessoais relacionadas a riscos sistêmicos, incluindo os impactos de enchentes, secas, ondas de calor e incêndios florestais nas cadeias de suprimentos e serviços essenciais, desde o abastecimento de água até a energia. Também destacaram preocupações sobre instabilidade política e o enfraquecimento do poder das comunidades locais.

As sessões seguintes revelaram desafios cruciais para a implementação de soluções de adaptação. Uma percepção importante foi o risco de colapso sistêmico caso múltiplos riscos se manifestem simultaneamente. Os participantes ressaltaram a ampla gama de atores envolvidos — desde comunidades locais até corporações e líderes do setor público — e a necessidade de uma ação coordenada. Enquanto representantes do setor privado clamaram por orientações claras e estabilidade regulatória para investir com segurança em adaptação, os do setor público enfatizaram a importância de que empresas e investidores coloquem pessoas e comunidades no mesmo patamar dos resultados financeiros.

Riscos interdependentes demandam soluções colaborativas

Os setores público e privado concordaram quanto à importância dos dados como base para decisões de investimento em resiliência, destacando o prazo de retorno financeiro como uma preocupação central. Reconheceram também o desafio de equilibrar a resposta a ameaças imediatas com o foco em riscos crônicos de longo prazo.

O workshop apresentou ideias inovadoras para incentivar a colaboração, incluindo a importância de uma comunicação eficaz para destacar economias futuras e a promoção da inovação tecnológica. O financiamento foi um tema recorrente, com as empresas enfatizando que decisões de investimento frequentemente dependem da disponibilidade de subsídios, benefícios fiscais e mecanismos de seguro específicos para medidas de fortalecimento da resiliência.

Desenvolvendo financiamentos inovadores para adaptação

A COP30, conhecida como a “COP da implementação”, destacou que, além de ampliar os recursos financeiros, a forma como esses fundos são alocados é igualmente importante. Nos próximos meses, continuaremos a aprofundar os aprendizados adquiridos em Belém. Embora o déficit em resiliência climática permaneça um desafio significativo, as discussões mostraram que a colaboração entre os setores público e privado pode ser um fator determinante para a construção de um futuro mais resiliente.

Investindo na resiliência urbana

Investidores têm se unido cada vez mais às cidades para fortalecer a resiliência frente aos riscos climáticos por meio de iniciativas inovadoras. Um exemplo emblemático é o projeto Urban Infrastructure Insurance Facility (UIIF), que apoia 10 cidades na América Latina na gestão de ameaças climáticas, oferecendo soluções de seguro personalizadas e facilitando o acesso a recursos financeiros para a recuperação pós-desastres.

Liderado pelo ICLEI – Local Goverments for Sustainability, uma rede global que reúne mais de 2.500 governos locais e regionais comprometidos com o desenvolvimento urbano sustentável e a resiliência, o projeto UIIF é financiado pelo Banco de Desenvolvimento KfW, em nome do Ministério Federal Alemão para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ).

O UIIF auxilia as cidades participantes a avaliar seus perfis de risco específicos e a desenvolver estratégias personalizadas de seguro e resposta a desastres. Isso lhes permite garantir recursos essenciais para reconstruir infraestruturas críticas e apoiar comunidades vulneráveis após eventos catastróficos.

Em parceria, a Marsh e a Guy Carpenter aplicaram sua expertise em risco climático, financiamento de riscos e seguros para apoiar o projeto. Oferecemos modelagem avançada de exposição a riscos e desenvolvemos soluções de seguro sob medida para as necessidades particulares de cada cidade, fortalecendo assim a resiliência urbana e a capacidade financeira para enfrentar adversidades.

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