Por Amy Barnes ,
Head of Climate & Sustainability Strategy
09/15/2025 · 4 minutos de leitura
Com mais de 900 eventos programados entre 21 e 28 de setembro, a Semana do Clima de Nova York se consolidou como uma plataforma essencial para demonstrar que as organizações mantêm seu compromisso com as metas de zero emissões líquidas e com a construção de um futuro sustentável.
O tema deste ano, "Power On" (Ligar), simboliza a determinação coletiva para impulsionar o progresso. Esse encontro ofereceu às empresas a oportunidade de avaliar como estão avançando em direção aos seus objetivos em mitigação, adaptação e finanças sustentáveis.
Em cada uma dessas áreas, a indústria de seguros desempenha um papel decisivo. A seguir, são apresentados os principais temas abordados sob a perspectiva do setor de seguros durante a semana.
A mitigação e a adaptação climática requerem investimentos de capital consideráveis. Trabalhar ao lado de especialistas em riscos e seguros permite que as organizações superem barreiras relacionadas à percepção de risco e à bancabilidade dos projetos, facilitando seu financiamento e expansão.
Tradicionalmente, as seguradoras se baseiam em registros históricos para avaliar riscos. No entanto, muitos projetos de descarbonização envolvem tecnologias emergentes com riscos pouco conhecidos. Para apoiar essas iniciativas, o setor desenvolve novas soluções de transferência de risco que favorecem o acesso ao financiamento e aumentam a confiança dos investidores.
Um exemplo é o seguro de responsabilidade por CO₂ fora de especificação desenvolvido pela Marsh junto com a HDI Global, projetado para cobrir a responsabilidade na cadeia de valor de projetos de captura e armazenamento de carbono (CCS).
Outras tecnologias de descarbonização enfrentam desafios semelhantes —desde atrasos na implementação até variações no desempenho ou mudanças regulatórias—. Ao abordar esses riscos de forma antecipada, a indústria de seguros pode acelerar o investimento e a implementação de projetos de transição energética.
Atender à crescente demanda de eletricidade para centros de dados será essencial para sustentar o desenvolvimento de tecnologias transformadoras como a inteligência artificial. Estima-se que o consumo energético desses centros dobrará até 2050, o que reforça a urgência de avançar em direção a fontes renováveis e redes mais resilientes.
O desafio consiste em reduzir a dependência de fontes não renováveis por meio da expansão da geração limpa, da modernização da infraestrutura elétrica e da adoção de estratégias de fornecimento mais sustentáveis.
Os investidores expressam preocupações em relação à disponibilidade e confiabilidade da energia para novos centros de dados, onde a operação contínua é crítica. Além disso, aumenta o interesse pela fusão nuclear como alternativa de energia limpa.
Gerenciar esses riscos —desde a segurança energética até a estabilidade operacional— requer uma participação precoce das equipes de risco e seguros. Espaços de diálogo intersetorial, como a Semana do Clima de Nova York, são fundamentais para desenvolver soluções colaborativas que fortaleçam a resiliência deste setor de alta demanda em energia.
O modelo de seguros baseia-se no princípio de distribuir o risco dos poucos entre os muitos. No entanto, o aumento na frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos está pressionando esse modelo.
Em alguns países, o custo do risco se tornou tão alto que certos ativos se tornam difíceis de segurar. A Escritório de Seguros do Canadá estima que 10% das residências já não podem ser seguradas de forma acessível devido à recorrência de eventos extremos.
Este fenômeno não representa uma falha da indústria, mas sim um sinal claro de que o risco climático está superando os limites do modelo tradicional.
Reduzir emissões é indispensável, mas investir em infraestrutura resiliente é igualmente urgente. Exemplos disso são os telhados verdes que mitigam o risco de incêndios florestais ou a elevação de equipamentos elétricos em áreas propensas a inundações.
Essas iniciativas demandam financiamento, e o setor de seguros pode desempenhar um papel chave canalizando capital para projetos que reduzam a exposição ao risco. Somente por meio de uma avaliação precisa e transparente dos riscos climáticos será possível incentivar o investimento sustentado em resiliência.
A mudança climática continuará apresentando desafios, mas também oportunidades de liderança e colaboração. O compromisso do setor privado com a mitigação e a adaptação continua firme, e espaços como a Semana do Clima de Nova York fortalecem a cooperação necessária para avançar em direção a um futuro mais seguro e sustentável.
A conversa global sobre clima e riscos demonstra que cada organização pode desempenhar um papel ativo para impulsionar a mudança e construir resiliência a longo prazo.
Relatório,Insight em destaque
09/19/2025
Artigo
02/02/2025