
Marcos Mello
Superintendente de Advisory
Em uma economia global cada vez mais interconectada, as taxas e tarifas internacionais desempenham um papel fundamental na formação da valoração dos ativos e no perfil de risco das empresas. Flutuações nesses indicadores econômicos (assim como estamos vivenciando atualmente) podem levar a alterações significativas do Valor de Reposição a Novo (VN), afetando tanto o Valor Atual (VA) dos ativos como o Valor em Risco (VR) declarado nas apólices de seguros.
Caso os Valores em Risco não sejam devidamente ajustados, há o risco de subestimar a potencialidade real de perdas, o que pode aumentar a probabilidade de a seguradora aplicar rateios no momento de uma indenização, comprometendo a cobertura adequada do sinistro.
As taxas internacionais (como taxas de câmbio, juros, tarifas e barreiras comerciais) são essenciais para o comércio e investimento transfronteiriço. Alterações nessas taxas podem influenciar o custo de bens importados, matérias-primas e componentes, impactando o Valor de Reposição a Novo (VN), e consequentemente o Valor em Risco (VR).
Por exemplo, um aumento nas tarifas sobre aço ou alumínio importados pode elevar o custo de ativos de fabricação que utilizam esses materiais. Da mesma forma, a desvalorização cambial pode inflacionar o custo local de insumos estrangeiros, levando a custos de reposição mais altos e a uma valoração alterada dos ativos.
Ativos altamente dependentes de importações ou localizados em países com taxas de câmbio voláteis são particularmente sensíveis a essas flutuações. Devido as tarifas atuais, o custo dessas matérias-primas importadas da Ásia cresceu entre 30% e 50% na Europa, dependendo da magnitude da variação tarifária. Um exemplo ilustrativo é o caso de ativos fabricados na Alemanha que utilizam aço chinês. Devido às tarifas e às interrupções na cadeia de suprimentos, os preços desses bens podem ter dobrado. Esse aumento reflete o encarecimento das matérias-primas e as tarifas adicionais sobre componentes importados. Além de impactar o custo de aquisição, essas variações podem influenciar o valor de reposição e o valor atual dos ativos, levando a discrepâncias nos valores segurados e a um possível rateio em caso de sinistro, ou seja, uma divisão inesperada dos custos de indenização.
Além disso, ao comparar os preços atuais cotados pelos fornecedores europeus com os valores históricos de aquisição corrigidos por índices de inflação como o IPCA e o IPP, observa-se que os preços atualizados por índices econômicos, podem estar até 40% inferiores aos valores cotados diretamente com os fornecedores. Essa discrepância ocorre porque as tarifas elevam o custo de reposição de bens específicos, uma valorização que os índices de inflação nacionais não capturam. Como consequência, o Valor em Risco do ativo declarado para efeito de seguro pelas empresas pode estar subestimado, aumentando consideravelmente o risco de um rateio no momento do sinistro.
Diante dessas complexidades, é fundamental que as organizações revisem e atualizem periodicamente seus valores em risco, incorporando dados atuais de taxas internacionais e informações tarifárias.
As taxas e tarifas internacionais são variáveis dinâmicas que influenciam significativamente os valores dos ativos e o perfil de risco das organizações. Ao contrário dos índices de inflação, que refletem mudanças gerais de preços dentro de um país, as taxas e tarifas internacionais capturam variações específicas relacionadas ao comércio. Por exemplo, um aumento de 20% nas tarifas sobre máquinas importadas pode não estar refletido nos índices de inflação nacionais, mas pode elevar substancialmente o custo de reposição ou reparo de ativos.
A negligência em considerar essas mudanças pode levar à subestimação do Valor em Risco de um ativo, expondo as organizações a um risco de subseguro e a uma maior exposição financeira em caso de sinistro. Essa subestimação pode gerar uma espécie de "lacuna de risco", na qual o valor declarado não reflete o custo econômico real de reposição dos ativos sob as condições atuais de mercado.
Empresas que monitoram e incorporam proativamente essas variáveis em seus processos de definição do Valor em Risco estarão mais bem preparadas para gerenciar seus riscos de forma eficaz, garantindo uma cobertura adequada e resiliência financeira em um cenário internacional em constante mudança.
Para garantir conformidade com as normas nacionais, internacionais e com as cláusulas da sua apólice vigente, estamos à disposição para oferecer suporte através do nosso serviço de Assessoria na Definição dos Valores em Risco.
Superintendente de Advisory
Diretora de Placement